sexta-feira, 12 de junho de 2009

ILUSOES E CERTEZAS!!!

Quando se fala em vinhos, há
muitas idéias difundidas que não
passam de ilusões. Assim como
certezas que realmente se confirmam.
Vamos a algumas dessas situações.

Vinho é feito para envelhecer.

Ilusão na grande maioria dos casos. Al-
guns são tão frágeis que devem ser con-
sumidos no ano imediatamente a seguir
à safra, ou ainda em meses (Beaujolais
Nouveau, por exemplo). Apesar da
grande maioria, notadamente os tintos,
suportar bem uns 3 ou 5 anos na gar-
rafa, são destinados ao consumo rápido
e não ao envelhecimento. Vinhos que
justificam guardar por mais de 5, 10 ou
20 anos são apenas os brancos e tintos
de categoria muito superior, de safras
sadias. Os melhores Bordeaux, Hermi-
tage, Barolos, Porto, alguns Borgonhas,
os grandes vinhos de sobremesa, etc.
Não devem chegar a 10% da produção
mundial,

Vinho branco é pior do que tinto.

Ilusão, em parte. É muito comum, em
refeições e provas onde há grandes
brancos e tintos, os primeiros saírem-se
melhor. Contudo, há uma certa verdade
no conceito. Como os brancos são mais
difíceis de elaborar e armazenar, quan-
do se trata de vinhos mais simples, é
comum haver mais decepções com os
brancos do que com os tintos. Oxidam
e perdem o balanço mais rapidamente.
Mas não esqueça: bons brancos são o
que de mais categorizado há no mundo
de Baco.

Vinho doce é bebida vulgar.

Erro gravíssimo. Um dos mais nobres
vinhos do mundo, o Châteu d’Yquem,
é um típico vinho branco doce. Vinhos
açucarados artificialmente, melados,
suavizados por uma doçura artificial, isso
sim são belas porcarias. Mas os grandes
vinhos doces naturais (Porto, Madeira,
Sauternes, Colheitas Tardias, Tokaji, etc.)
estão entre os mais estrelados vinhos do
mundo. Seu consumo é sinal de refina-
mento e conhecimento de causa.

Vinhos tintos para homens,
brancos para mulheres e
roses para americanos.

Outra ilusão, que hoje só se justifica
na mente e na boca das pessoas desin-
formadas. Já falamos dos brancos. Os
roses também, sempre que bem feitos
(qualquer vinho precisa ser bem feito,
senão deve ser rejeitado), são excelen-
tes pedidas. Companheiros quase que
universais para as comidas, refres-
cantes, estimulantes, impecáveis espe-
cialmente no calor.

Copos devem estar muito limpos.

Uma certeza absoluta! Copos mal la-
vados ou com aromas de armário, de
detergente, de pano de enxugar ou
qualquer outro, arruínam com os
vinhos. Aprecie seu bom vinho, mas
sempre em copos impecavelmente lim-
pos e livres de quaisquer odores. Cheire
o copo antes de servir o vinho. Durante
refeições, limpe os lábios antes de levá-
los ao copo com vinho, para não im-
pregnar com a gordura da comida.

Tinto com carnes vermelhas
e brancos com peixes.

Sempre dá certo. Mas a regra não ex-
clui as violações a ela. Pelo contrário,
muitas vezes alguns tintos caem bem
com frutos do mar e peixes, assim como
muitos brancos escoltam perfeitamente
carnes, mesmo as vermelhas. Depende
do tipo de vinho e dos molhos e acom-
panhantes dos sólidos.

Vinho bom é vinho caro.

Nem sempre. Vinhos de alta categoria,
por terem uma oferta limitada e uma
procura enorme, acabam com preço
alto. Mas há muitas armadilhas, espe-
cialmente vinhos com preço fora de ór-
bita, que não valem o que custam. Por
outro lado, há uma quantidade enorme
de vinhos muito agradáveis, interes-
santes e bem feitos a preços bem aces-
síveis. Vinho é a mais democrática das
bebidas. Há uma diversidade enorme,
para todos os gostos e todos os bolsos.
Assim como, até entre artigos de luxo,
muitas enrolações.

Vinho é caro no Brasil.

Sem dúvida e lamentavelmente, uma
certeza. Aqui, para o consumidor fi-
nal, os tintos e brancos costumam sair
pelo dobro do preço, ou pouco mais, do
que custam ao mesmo consumidor do
primeiro mundo. Ou seja, o vinho que
custa 10 dólares nos Estados Unidos,
aqui no Brasil vai sair pelo equivalente
a 20 dólares. O governo, com seus im-
postos e burocracia, é o grande vilão,
sem dúvida. O preço fora de propósito é
o maior responsável pelo baixo consumo
per capita nacional e pela falsa noção de
que vinho é um produto elitizado.

Ilusões e certezas Por Guilherme Rodrigues

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Um comentário:

  1. Oi Denise, obrigado pela visita e comentário no NOSSO VINHO.
    Vejo que você está produzindo bastante. Parabéns.
    Abraços
    Paulo

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