sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mulheres produtoras de vinhos


Situada na margem esquerda do Rio Tejo, a Casa do Cadaval é uma herdade com quase quatro séculos que tem um papel determinante no desenvolvimento da região do Ribatejo. Também conhecida como herdade de Muge, aqui são desenvolvidas as actividades de produção de vinho, produção agrícola, criação de gado bovino e coudelaria.
Aliado a isto, actua na área do turismo, visto ser um espaço que reúne inúmeras condições de excelência para receber os mais diversos eventos, ou para proporcionar um verdadeiro dia de aventura e lazer junto à natureza e aos animais. A actual responsável pela Casa do Cadaval, Teresa Schönborn, enóloga e produtora de vinhos, recebeu no ano de 2008 o prémio “Mulher do Vinho 2008”, na 3ª edição dos Prémios Internacionais EVA, o único prémio gastronómico feminino internacional.
Teresa Schönborn tem realizado um importante trabalho de desenvolvimento da viticultura regional e na projecção mundial da região do Ribatejo, como zona produtora.

O que significou para si receber o prémio de “Mulher do Vinho 2008”?
Em primeiro lugar, devo dizer que não estava nada à espera. Mas considero que este prémio foi entregue à Casa do Cadaval no seu conjunto. O prémio foi ganho devido ao vinho Marquesa do Cadaval, que é o nosso expoente máximo, e que foi feito em homenagem a esta senhora, a grande impulsionadora destas vinhas. É considerado por especialistas o melhor vinho do Ribatejo. Eu sou a última das cinco mulheres que estiveram à frente da Casa de Cadaval, cinco gerações em que foram sempre mulheres a liderar esta herdade, portanto o prémio é dedicado a todo este agregado.

Ao nível turístico, o que é que podemos esperar da Casa do Cadaval?
Oferecemos um amplo espaço para eventos, como casamentos e outras festas, disponbilizando um excelente serviço de cattering e actividades variadas. Temos diversas acções de lazer e entretenimento para dinâmicas de grupo, como prova de vinhos, visitas arqueológicas e a uma reserva natural, espectáculos equestres, assim como cruzeiros no rio Tejo. É um local também muito procurado para a realização de seminários, reuniões de empresas, entre outros. Temos capacidade para receber cerca de mil pessoas.

A sua coudelaria é muito prestigiada a nível nacional. Sabemos também que é a sua actividade predilecta. Como a descreve?
Temos uma das coudelarias mais antigas do país, são todos puro sangue lusitano. A dréssage é o nosso objectivo principal não obstante as outras modalidades. Temos vários cavalos a competir na dréssage: o “Raio” em Espanha com Juan António Jimenes (medalha de bronze em Atenas 2004), o “Tejo” e o “Ui”com Leonor Ramalho, “Vircon” com Miguel Ralão Duarte, o qual foi recentemente vencedor do Critério dos 4 anos.

Como imagina a Casa do Cadaval daqui a uns anos?Espero que esteja sempre melhor. Esta casa já tem 350 anos e toda as pessoas que estiveram à frente dela sempre pensaram em melhorá-la, portanto esta será sempre a nossa missão. Queremos produzir os nossos produtos com o mesmo afinco de sempre, pretendendo estar sempre na vanguarda dos serviços.


Como caracteriza a área vinícola portuguesa?
Portugal tem óptimos vinhos, tem muita qualidade, é um dos países emergentes nesta área. É necessário, no entanto, haver mais divulgação, preferencialmente conjunta

Como presidente da Rota do Ribatejo, quais são as suas prioridades?
A Rota e os Caminhos do Ribatejo são tudo a mesma coisa. A prioridade no momento é a divulgação da região, é fazer-nos conhecer, quanto às nossas particularidades, nomeadamente o nosso vinho, gastronomia, entre outros. Com uma maior visibilidade podemos impulsionar o número de visitantes e dinamizarmos toda este território que tem um enorme potencial.
Quatro séculos de história
A Herdade de Muge pertence à família Álvares Pereira de Mello há quase quatro séculos. Nesta casa residiu a Rainha Dona Leonor, terceira mulher do Rei Dom Manuel I, irmã do Imperador D.Carlos V e mãe da Infanta D.Maria. A Rainha Dona Leonor residiu aqui até partir para Castela, casando com o Rei de França, Francisco I., deixando a sua filha Infanta Dona Maria com dois anos, passando assim a Casa de Muge para a família dos Condes de Odemira. A Condessa de Odemira, Dona Maria de Faro, casou com Don Nuno Alvares Pereira de Melo, 5º Conde de Tentúgal, o 1º Duque de Cadaval, título concedido em 1648, pelo Rei D. João IV.

fonte Revista perspectiva de 08/2008.

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